Juazeiro do Norte. O governo federal anunciou, ontem, o repasse de R$ 24,28 milhões para o Cinturão das Águas do Ceará (CAC), feito na última semana. O valor é destinado ao Trecho 1, com 149Km de extensão, que vai de Jati até o Rio Cariús, em Nova Olinda. A obra, executada pelo Estado, está ligada ao Projeto de Integração do Rio São Francisco, que pretende beneficiar cerca de 4,5 milhões de pessoas no Ceará.
Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), este valor de R$ 24,28 milhões é destinado a três, de cinco lotes do Trecho 1. No momento, este trecho encontra-se com 50,85% de suas obras executadas. Neste ano, os investimentos federais já somam R$ 144,5 milhões. Por outro lado, o titular da Pasta, Francisco Teixeira, ainda aguarda o repasse de R$ 80 milhões para não ter descontinuidade na obra. O valor, esperado até o fim de dezembro deste ano, será aplicado no pagamento de compromissos dos meses de outubro, novembro e dezembro. Com isso, o governo federal cumpre o cronograma orçamentário previsto no início do ano.

Apenas os lotes 1, 2 e 5 estão em andamento, devido à disponibilidade de verba da União. Mesmo assim, estas três etapas são suficientes para a chegada da água ao Açude Castanhão, que abastece Fortaleza, pelo Eixão das Águas. Mas, segundo Antonio Madeiro de Lucena, diretor de águas superficiais da Superintendência de Obras Hídricas (Sohidra), parte do recurso repassado é para pagamento de dívidas com construtoras.

“Esse valor só da medição de um lote. É claro que o governo atual nos ajudou muito. Mas ainda é muito pouco. Tinha lote que estava devendo R$ 50 milhões para empresa licitada e pagamos”, explica Lucena. A expectativa é de que, nos primeiros meses de 2018, o CAC já seja contemplado pelas águas do Velho Chico no Eixo Norte do Projeto, em seus primeiros 53Km.

A SRH acredita que, com o Lote 1 concluído, a água do Velho Chico, captada em Jati, será levada pelos túneis até concluir parte cerca de 9,2Km do Lote 2 para chegar até o Túnel Veneza. A água seguirá até o Riacho Seco e, deste, ao Rio Salgado, fluindo em direção ao Castanhão. Pelo Eixão das Águas, chegaria à Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Todo este percurso está 68% construído.

Crise Hídrica

Segundo a Companhia de Recursos Hídricos (Cogerh), os reservatórios do Ceará estão, em média, com 8,15% da capacidade. Maior do Estado, o Castanhão, que abastece a RMF, tem apenas, 3,19% do total. Para evitar problemas de abastecimento, os comitês de bacias têm adotado medidas. O Açude Orós, por exemplo, está transpondo água, por bombeamento, para o Lima Campos, em Icó, que está com 2,97%. Isso irá garantir a reposição hídrica até 2018.

Na Região do Cariri, que receberá as águas do Velho Chico, o problema hídrico não aparece com tanto destaque. “Aqui temos água subterrânea em abundância, graças ao Aquífero da Bacia Sedimentar do Araripe”, explica o gerente da Cogerh no Crato, Alberto Medeiros.

Já os reservatórios na Sub-Bacia do Salgado estão com 9,84% da capacidade. Alguns apresentam situação crítica, como o Junco, que abastece Granjeiro, que está seco. A mesma situação do Genipapeiro II, que abastece Baixio, Ipaumirim e Umari, no Centro-Sul. Todas estas cidades estão adotando a perfuração de poços, racionamento e rodízio de consumo e, em alguns casos, atendidos por carros-pipa.

Preocupação

A conclusão da Transposição do Rio São Francisco continua incerta no Eixo Norte, que levará água do Velho Chico até o Ceará. Em Penaforte e Salgueiro (PE), obra segue devagar e tem cronograma atrasado. Em muitos trechos, o cenário é de obra paralisada ou em ritmo lento, com reduzido número de operários, ausência de máquinas, trecho do canal sem placas e mato invadindo o eixo central.

FONTE: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/repasse-federal-pagara-apenas-as-dividas-do-cac-1.1857197

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