A previsão anunciada para agosto de 2016 da chegada das águas do Rio São Francisco ao Ceará reacende a esperança dos milhares de cearenses prejudicados com os severos efeitos da seca prolongada. Há tempos as promessas relacionadas à obra são tratadas como o principal alento. Desde quando a estiagem passou a ameaçar até mesmo o abastecimento em Fortaleza, a intervenção ganhou peso ainda mais primordial para a busca de futuro do Estado menos assustador.

As obras de Transposição do Rio São Francisco foram iniciadas em 2007, com a previsão original de serem concluídas logo em 2012. Após diversas falhas no planejamento aliadas aos inconstantes repasses de recursos para a continuidade da intervenção, todavia, os prazos estabelecidos foram totalmente ignorados. No primeiro momento, o valor programado para ser investido chegava a R$ 4,5 bilhões, porém, já foram registradas despesas na ordem de R$ 8,2 bilhões.

A crise econômica com impactos enormes sobre o orçamento do Executivo amplia o nível de desconfiança sobre os novos prazos definidos para a entrega das etapas da obra, pois o ritmo das intervenções sofreram golpes duros em 2015, principalmente devido ao atraso de verbas. Contudo, a situação de calamidade enfrentada por milhares de cearenses diante da seca prolongada exige maior responsabilidade do poder público, assim como vontade política única no cumprimento de metas.

Os problemas enfrentados pelo Velho Chico, no entanto, também têm de ser melhor combatidos pelo poder público. O São Francisco já não apresenta o mesmo potencial de outrora, devendo haver, então, esforços conjuntos para buscar a revitalização. Assim como a estiagem trouxe efeitos desastrosos ao Estado, o impacto da seca também afetou de forma expressiva a capacidade do rio nas tarefas irrigação e geração de energia.

Com papel substancial na geração de energia, a barragem Sobradinho, situada no Rio São Francisco, foi obrigada pela ANA (Agência Nacional das Águas) a reduzir a vazão da água de 1.300 metros cúbicos por segundo para 900. Atualmente o principal reservatório de água do Nordeste conta apenas com 2,5% do volume útil.

O nível dos reservatórios abastecidos com a água do Rio São Francisco nos estados de Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia também revelam os sinais da estiagem. Ou seja, além do setor elétrico, os problemas repercutem ainda no uso do rio para a pesca, abastecimento humano e até navegação.

Diante do quadro, portanto, torna-se essencial o Estado também assumir a responsabilidade nos esforços buscados para a revitalização do Rio São Francisco. Além de usufruir dos benefícios garantidos hoje pelo abastecimento dos reservatórios, todos precisam compreender o papel de cada gestor na preservação do Velho Chico. Torna-se substancial a elaboração de ações voltadas para a recuperação da bacia hidrográfica.

Os açudes no Ceará têm sofrido com reduções cada vez mais preocupantes. O Rio São Francisco assume, portanto, importância fundamental para amenizar essa situação. O Castanhão, principal reservatório da Região Metropolitana de Fortaleza, apresenta situação crítica e tem na transposição a esperança de um novo cenário. Ao se avaliar o quanto já persiste o problema da seca no Estado, torna-se ainda mais lamentável perceber o quanto o poder público demonstrou ao longo de décadas a incapacidade e até o desinteresse em lidar com o problema. Tem-se agora nova esperança.

fonte:http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/alimentar-a-esperanca-1.1438702

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