Moradores de Fortaleza e Região Metropolitana apostam nos poços como alternativa para a crise hídrica
A procura por perfurações de poços artesianos, situação bastante demandada no Interior do Ceará, sobretudo, nos últimos anos, onde os efeitos da seca são severos, tem se intensificado em Fortaleza e na Região Metropolitana. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), em 2015, foram solicitados 163 outorgas de construções de poços somente em Fortaleza e Região Metropolitana. Já durante todo o ano de 2014, foram 113.
Condomínios, fábricas e grandes propriedades particulares, têm cada vez mais buscado a alternativa do abastecimento proveniente de águas subterrâneas. Para o presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, Carlos Barromeu, é possível encontrar de 20 a 25 vezes mais água no subsolo do que na superfície, configurando a iniciativa como solução para a falta de água.
Barromeu explica que – apesar de o Ceará ter grande presença de rochas graníticas, o que inviabiliza 80% do Estado – em regiões como Cariri e no litoral, incluindo Fortaleza, a viabilidade ocorre. Contudo, o especialista ressalta que é preciso atentar que aqui existe o problema com excesso de ferro e salubridade da água no lençol freático, o que demanda tratamento e aumenta o investimento.
Contudo, isso não vem se configurando um problema. As empresas de perfuração de poços comemoram o aquecimento do mercado. Conforme proprietários de empresas consultados pela equipe de reportagem, em Fortaleza e na Região Metropolitana, predomina a perfuração de poço sedimentar, onde a área atingida é constituída, sobretudo, por areia.
Nestas regiões, de acordo com empresários, há uma grande chance de melhor vazão. Por este motivo, a Cogerh exige que, na outorga de construção de poço, seja apresentado o estudo geofísico. Já para a outorga de uso da água, é necessário realizar o teste de vazão do poço, bem como o relatório do perfil litológico (relativo às rochas)/construtivo.
De acordo com o proprietário da empresa Hidrosonda, José Roberto, que atua no mercado de perfuração, as demandas da Região Metropolitana e de Fortaleza são, principalmente, de condomínios, enquanto, no Interior, esse tipo de serviço é solicitado por fazendas e indústrias.
A vice-presidente de condomínios do Sindicato da Habitação (Secovi), Lilian Alves, explica que a procura por poços em condomínios vem acontecendo há alguns anos, mas reforça que o investimento é alto.
O valor para a perfuração e instalação dos poços, varia, segundo os empresários do setor, conforme a necessidade do volume de água e a localização geográfica. O proprietário da Terra Perfurações, Valdoir Nunes Portela, também ressalta que é fundamental que os interessados contratem um geólogo para fazer o estudo geofísico da área. Fábricas, empresas e instituições de ensino superior são as que mais demandam perfuração, conforme ele.
Áreas críticas
O dono da empresa H2O Perfurações, Irapuã Arruda, também reitera que a procura por esse serviço têm crescido. Mas aponta que Fortaleza, tem “áreas críticas” para a execução de perfurações. Aldeota e Meireles são bairros identificados por ele como espaços de grande dificuldade. “As fundações de prédios historicamente têm injetado cimento neste solos e impedido as passagens de água. Na Aldeota e Meireles, é comum prédios que têm poços secos”, garante.
Para explorar o uso destes recursos é preciso autorização do Estado. A Lei 14.844/2010 dita as regras, no Ceará, a serem adotadas no caso da perfuração de poços e a exploração da água de mananciais subterrâneos.