A filha de Araquém, da grande nação tabajara, não pode mais viver como antigamente. As matas foram derrubadas, fontes de águas foram desviadas pelo homem branco, prenderam as jandaias e a bica do Ipu secou, a esplêndida queda d´água onde tu tomavas banho já não existe mais, ó formosa Iracema!
A verde pelúcia que vestia a terra está seca, as chuvas se foram muitas luas atrás e não se sabe quando elas irão voltar. O que será da tua tribo que por lá campeava, guardadora das serras de onde manavam os córregos, onde crescia a maniva e o algodão, que tirava da mãe-natureza apenas o suficiente para o seu sustento, morena virgem dos lábios de mel?
Tuas flechas não têm efeito contra as armas do homem civilizado, teu povo sofre com a seca, a fartura já não existe, é difícil obter água limpa, animais se esforçam para ficarem de pé, as queimadas sufocam a floresta.
Hoje, há muitos pajés e caciques que prometem resolver os problemas, mas em tempos de guerra, o que precisamos mesmo é de bravos guerreiros em busca de paz.
Michelly Barros
michellyquimica@yahoo.com.br
fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/jornaldoleitor/2015/12/02/noticiasjornaljornaldoleitor,3542844/fontes-de-aguas-foram-desviadas-pelo-homem-branco.shtml