O cenário para a quadra chuvosa (de fevereiro a maio de 2017) continua indefinido, por causa na neutralidade nas temperaturas do Oceano Pacífico Equatorial. No entanto, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) adianta que não basta só chover, é necessário que, durante dois meses, as precipitações somem 450 mm e sejam suficientes para melhorar o nível dos açudes, atualmente com 7% da capacidade total. Isso não só pela situação de quase colapso hídrico, como também pela possibilidade de o El Niño retornar no segundo semestre do próximo ano, indicando ano seco em 2018.
Por essa razão, entende o presidente da Fundação, Eduardo Martins, que a transposição do São Francisco é condição imprescindível para o Estado. “Ainda é cedo para afirmar, mas o monitoramento já observou esse movimento, um aquecimento no Oceano Pacífico Equatorial, mesmo que precoce”, comenta ele, que falou para os representantes dos 12 Comitês de Bacias Hidrográficas, durante Fórum Cearense, realizado no auditório da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Para Eduardo, é preciso trabalhar na pior hipótese, com chuvas abaixo da média histórica (de 736mm em quatro meses). “A água é pouca, tanto para o abastecimento humano, animal e agropecuária. Quem tem responsabilidade de gerenciar os recursos precisa ter isso em mente”. Eduardo frisa que “existe uma forte tendência de neutralidade nas temperaturas do Oceano Pacífico Equatorial (nem El Niño, nem La Niña) durante a quadra chuvosa de 2017, o que não permite antecipar a previsão climática para o Ceará. Tudo pode acontecer. Temos 1/3 de chances para cada categoria, abaixo, na média e acima dela. O anúncio será feito no dia 15 de janeiro”.
Anomalia
Ele explica ainda que o Pacífico Equatorial apresenta hoje anomalia de resfriamento, o que configura o fenômeno La Niña. Entretanto, a intensidade dessa anomalia, entre 0,5°C e 1°C, é considerada fraca. Além disso, as agências internacionais que monitoram essas temperaturas preveem que o fenômeno deve desaparecer em fevereiro.
O coordenador das bacias, Alcides Duarte, adianta que os representantes dos comitês só irão se reunir em março próximo.