A situação crítica dos reservatórios de água que abastecem, não só as regiões interioranas do Estado, mas também a Região Metropolitana de Fortaleza, têm apresentado níveis médios inferiores a 10% de suas capacidades (estavam com 20% no mesmo período em 2015), devido principalmente aos efeitos do quinto ano seguido de seca, o que levou o Governo Estadual a implementar um plano de racionamento – sem o qual o risco de desabastecimento de água em Fortaleza, no segundo semestre, quando as chuvas são ainda mais escassas, tornar-se-ia inevitável.
Além do consumo humano, a escassez afeta diretamente as atividades econômicas. Setores como o têxtil estão cancelando a abertura de novas unidades industriais por falta de água. O que é um desastre considerando as dificuldades já existente de investimentos em face à profunda recessão que atravessamos.
Segundo o secretário dos Recursos Hídricos, esse racionamento que consistirá na redução, a partir de agosto, em 30% na vazão da água fornecida pela Cagece, alternadamente a cada 24 horas em uma metade da cidade, pretende reduzir o consumo total em 20%, para que a água disponível nos reservatórios dure até março de 2017. Decisão que tornou-se inevitável, visto que alternativas como a cobrança da taxa de contingência, implementada desde 2015, mostrou-se ineficaz, reduzindo em apenas 4,5% o consumo.
Além de indispensável para se garantir a estabilidade do fornecimento, vamos esperar que essas medidas de racionamento venham a cumprir uma saudável função pedagógica em nossa população, já que apesar de convivermos numa região onde a escassez de água é um problema crônico, fruto de um perverso semiárido e de um inconstante regime pluviométrico – mazelas que castigam o povo cearense desde sempre -, não temos demonstrado maiores preocupações com o desperdício deste bem tão precioso. Devemos aproveitar esta oportunidade para seguir o exemplo de outros países, que embora não convivam em condições naturais tão inóspitas quanto as nossas, adotam comportamentos muito mais racionais no uso da água, seja reciclando-a, seja mudando hábitos e costumes.
Na Austrália, por exemplo, a grande maioria das residências tem sistemas para captar água da chuva, de regular o tempo de uso do chuveiro e das torneiras, e de reaproveitamento da água usada no banho e cozinha para a descarga e jardim. E diferentemente do Brasil, onde poucas pessoas têm atitude de repreender um ato de desperdício, os australianos denunciam até seus vizinhos, se eles estiverem lavando o carro. Diversas ações podem ser aplicadas para contribuir com o consumo de água consciente. O desperdício de água doméstica deve ser combatido para que possamos garantir o recurso para as gerações futuras.
fonte:http://www.oestadoce.com.br/opiniao/o-crucial-racionamento-de-agua