Muitas pessoas parecem alheias ao fato de que necessitamos da natureza para permanecermos vivos e que dependemos do meio-ambiente, direta ou indiretamente.
Parece que o destino da vida humana é responsabilidade dos outros, que as nossas atitudes e ações em nada contribuem para o sucesso ou fracasso da existência humana na Terra, como se os recursos da natureza fossem contínuos, infinitos. Importa mais nosso pequeno mundinho, idealizado segundo um conceito de “bem-estar” criado por alguém que quer vender alguma coisa.
Espaços de faz-de-conta, mundinhos perfeitos onde o Mal e o Sujo ficam do lado de fora. As pessoas e a natureza: quanto mais longe, melhor. De dentro, só observamos, através dos nossos muros de vidro. É a subversão do aquário, agora os peixes contemplam a vida exterior.
Por quanto tempo um organismo, isolado do meio de que precisa para sobreviver, subsiste?
“O bem-estar humano e a maioria das atividades econômicas dependem de um meio-ambiente saudável” (TEEB, 2010). Alimento, água, abrigo, materiais orgânicos, como madeira e algodão; proteção contra desastres naturais, proteção dos solos contra erosão e assoreamento, produção de nuvens de chuva (floresta amazônica), alimentação do lençol freático, regulação do clima, sequestro de CO2, recreação, inspiração cultural, realização espiritual. Sistemas naturais com biodiversidade contribuem para a adaptação e proteção contra as mudanças climáticas. Esse conjunto de benefícios que o meio-ambiente nos proporciona é chamado de serviços ambientais.
A destruição dos ecossistemas e a perda dos serviços ambientais gerados por eles geram graves problemas às cidades e às suas populações, como aumento da poluição, enchentes, aumento da temperatura, doenças, queda na qualidade de vida, gerando custos adicionais a todos, população e governos. Como podemos destruir o que torna viável nossa existência?
Os serviços ambientais são divididos em quatro tipos, agrupados de acordo com os benefícios que geram: serviços de provisão (fornecem água, comida, matéria-prima), serviços de regulação (regulam a qualidade do ar e do solo, controlam enchentes), serviços de habitat ou suporte (habitat para plantas e animais, manutenção da biodiversidade) e serviços culturais (benefícios imateriais, como recreação, inspiração espiritual e saúde mental).
As árvores. Existe um total de dezessete serviços ambientais distribuídos entre os tipos existentes, elas respondem por catorze deles: provisão de alimentos, de matéria-prima, recursos medicinais, regulação do clima, sequestro de carbono, regulação de eventos extremos, regulação da erosão e fertilidade do solo, controle biológico, diversidade genética, habitat para espécies, recreação, turismo, apreciação estética. Por que são tratadas como seres inconvenientes, que sujam as ruas, que atrapalham o livre desenrolar dos fios, facilitadoras do acesso de visitas inconvenientes, esconderijo de malfeitores?
Seres majestosos, doadores de vida e bem-estar, da sombrinha (do vizinho) onde paramos nossos carros, enchem de verde os olhos do mundo. Peças de marketing na venda de promessas de qualidade de vida dos condomínios-aquário que, ao fim, são relegadas às paisagens renderizadas dos catálogos das imobiliárias. Dependemos delas e não nos damos conta. Mais respeito, por favor.
Maria Emilia Schettini*
*Arquiteta e Urbanista, Membro do Movimento Pró-Árvore
fonte:http://www.oestadoce.com.br/cadernos/o-estado-verde/quantos-sao-os-beneficios-gerados-pelas-arvores