
Localizado ao lado da Pedra da Galinha Choca no município de Quixadá, a 170km de Fortaleza, o Açude do Cedro foi a primeira grande obra hídrica e uma das principais do Governo Brasileiro, ainda em seu âmbito Imperial. Devido ao grande impacto social que a seca de 1877 causou, e a retirada de mais de 100 mil sertanejos a capital cearense, Dom Pedro II deu ordem de avaliação e construção de açudes em pontos estratégicos pelo Ceará, Ernesto Antônio Lassance Cunha solicitado por Dom Pedro II, visitou diversos locais da província e então decidiu que a construção ocorreria no local, conhecido até então como Boqueirão do Cedro.
Em 1890, onze anos após a grande seca de 1877-1979, iniciaram-se as obras sob a supervisão do engenheiro britânico Jules Revy, em 1892 o primeiro projeto viria a ser concluído, entretanto com a supervisão do Engenheiro Ulrico Mursa, da comissão de açudes e irrigação, o concluído até então viria a ser modificado. Em 1906, dezesseis anos após o início de sua construção, já no governo republicano de Afonso Pena, a construção do açude viria a ser concluída, sob a supervisão do engenheiro Bernardo Piquet Carneiro, que assumiu a direção no ano de 1900.
Construído no leito do Rio Sitiá, e com cinco barragens represando o açude, incluindo a parede central do açude foi inspirada em monumentos Romanos, do comando do Imperador Julio Caesar (Júlio César), e suas grades de ferro e cerâmicas, foram importadas da Inglaterra e Portugal, respectivamente.
Um dos fatos históricos relevantes de sua história, é que o açude sangrou apenas 6 vezes em sua história, a primeira em 1924, 18 anos após sua construção, e o restante em 1925, 1974, 1975, 1986 e 1989. Um dos fatos que explicam as poucas sangrias, é o grande número de pequenos açudes, que acabam impedindo de que água chegue ao açude. Outro fato histórico relevante, trata-se da seca total do açude, devido a sua grande capacidade, registrado em 126.000.000 m³, o açude secou totalmente em 5 momentos, a primeira registrada em 1930, e o restante em 1932, 1950, 1999 e recentemente em 2016. Atualmente, janeiro de 2021, o seu nível está registrado em 0,51% do volume, equivalente a 0,65 hm³.
O açude é administrado pelo Governo Federal, por meio do Departamento Nacional de Obras Contra Secas – DNOCS, sendo monitorado desde o ano de 1993 pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, que por sua vez, realiza monitoramento quantitativo e qualitativo, inspeções de segurança regular, intervenções de manutenção periódica na infraestrutura e desenvolve o processo de gestão participativa, através de reuniões com a Comissão Gestora do reservatório. A qualidade da água (Grau de Trofia), conforme boletim da COGERH, é classificada em Eutrófica, dados referentes a agosto de 2020.
FONTE: Fundação Joaquim Nabuco: https://www.fundaj.gov.br/index.php/tecnologias-de-convivencia-com-as-secas/10546-primeiro-acude-do-pais-cedro-busca-titulo-de-patrimonio-mundial
BBC News: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38735657
A história das barragens no Brasil, Séculos XIX, XX e XXI: cinquenta anos do Comitê Brasileiro de Barragens / [coordenador, super visor, Flavio Miguez de Mello ; editor, Corrado Piasentin]. – Rio de Janeiro : CBDB, 2011. 524 p. : il. ; 29 cm.