Uma trajetória inédita nacional que proporcionou à sociedade do estado do Ceará o poder deliberativo da água

A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) completa 24 anos de gerenciamento hídrico do estado do Ceará e da União, de forma integrada, descentralizada e
participativa.

Uma Sociedade de Economia Mista, criada pela Lei Estadual nº 12.217, de 18 de novembro de 1993, para implantar um sistema de gerenciamento de oferta de água superficial e subterrânea, compreendendo os aspectos de monitoramento dos reservatórios e poços artesianos, manutenção, operação de obras hídricas e organização de usuários nas 12 Bacias Hidrográficas do Ceará.

Vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), a Cogerh é responsável pela operação, manutenção e monitoramento do que representa 90% da capacidade total de acumulação hídrica do Estado. Estão sob a administração da Companhia os mais importantes açudes públicos estaduais e federais, além de reservatórios, canais e adutoras.

A organização e integração dos usuários de água bruta, um dos aspectos fundamentais para o sucesso dessa política de recursos hídricos, é realizada através da criação dos Comitês de Bacia. Pescadores, vazanteiros, irrigantes e indústrias reúnem-se em assembleias para deliberarem sobre o uso e a distribuição da água, otimizando o uso dos recursos hídricos de acordo com as ofertas disponíveis e tipo de utilização ao longo do ano. Participam também das assembleias, representantes da sociedade civil organizada: Sindicatos, Associações, Prefeituras, que são os legítimos moderadores dos conflitos inerentes ao processo.

A Cogerh pelos colaboradores

O atual presidente da Companhia, João Lúcio Farias, está como servidor desde 1994, e afirma: “A Cogerh é uma experiência muito importante no ponto de vista de gestão. Uma empresa que se afirmou pouco a pouco no gerenciamento dos recursos hídricos do estado do Ceará. No início, começamos a desenvolver algumas metodologias, principalmente a de Alocação Negociada de Água. Esta experiência é muito rica, de uma relação bastante democrática entre o Estado e a sociedade”.

“A Cogerh é um grande aprendizado, eu tive a oportunidade de participar de uma equipe multidisciplinar, com vários técnicos que já ocuparam e/ou estão em várias áreas da empresa, como gerentes, diretores, presidentes, pessoas que estão contribuindo dentro do Sistema de Recursos Hídricos. Um grupo que se dedicou e eu sempre estive acompanhando e trabalhando para que a Cogerh pudesse ser hoje essa empresa que ela é. Eu sinto orgulho de ter crescido junto”, diz João Lúcio Farias.

Outro servidor da Cogerh é o atual gerente de Segurança e Infraestrutura, Berthyer Peixoto, que está há 16 anos na empresa, tendo iniciado nas Bacias do Curu/Litoral. “A Gerência de Pentecoste tinha três pessoas, um que ficava no telefone, eu e outro técnico que trabalhava externo. Eu era motorista, instalava a régua, realizava medição de vazão, junto ao outro técnico, fazíamos tudo”, afirma o gerente.

“O mais fantástico é que apesar de ser um trabalho árduo, acabava gerando um sentimento de romantismo. No final de semana contava nos dedos a hora de voltar para trabalhar. Era gostoso ver uma mudança social na Bacia do Curu/Litoral. A partir daquela novidade, que era a gestão participativa dos recursos hídricos, víamos a água sendo democratizada, usada de forma racional, garantindo o desenvolvimento econômico e social. A Cogerh avançou de forma fantástica e passou a ser ícone no Brasil, um grande exemplo”, diz Berthyer Peixoto.

Para o gerente, “os Comitês de Bacias geraram uma sociedade que procurasse seus direitos, exigisse resultados, questionasse e quisesse participar do processo. Em 2001 foi ano de seca e mesmo assim a produção agrícola não parou. A Cogerh acabou sendo uma ferramenta de mudança de comportamento em que a sociedade teve a oportunidade de dizer ao poder público a sua demanda. Hoje é forte, sólida e continua sendo exemplo de gestão para o Brasil”.

Já, representando as mulheres, na Companhia, Izelda Fiuza está desde 1994. “Quando comecei a trabalhar na Cogerh, em Fortaleza, éramos 11 colaboradores. Durante esse tempo eu só vi crescimento. Com a chegada do ex-presidente, Francisco Lopes Viana, em 1995, a Cogerh passou a andar com as próprias ‘pernas’. Todas as pessoas que passaram por aqui deram uma contribuição muito grande. Acredito que a Companhia continuará crescendo ainda mais porque temos um trabalho social e técnico. A seca no Ceará só não é pior porque existe a Cogerh. Quando eu falo da Companhia as pessoas dizem que meus olhos brilham. Aqui não é meu lar, mas, é minha casa”, relata Izelda.

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