Com a descoberta, Messejana pode abrigar uma província hidrogeológica, com alto volume de água

Durante a perfuração de um poço profundo em terreno onde uma escola municipal, no bairro Messejana, em Fortaleza, está sendo construída, técnicos se depararam com um tipo raro no Ceará: área propícia à abertura de poços jorrantes. A descoberta, de acordo com o geólogo, pesquisador e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Aldenor Pereira Pontes, representa a possibilidade real da existência nessa região de uma província hidrogeológica, com importante volume de água armazenada.

“Em Fortaleza, os poços têm, em média, dois mil litros de água por hora. Na área prospectada verificou-se um poço a apenas 62 metros de profundidade com uma produção estimada inicialmente de 100.000 litros/hora. Outra característica é, que além dessa alta produtividade, ele é jorrante. Os dois fatores são indicativos fortes para que exista essa província hidrogeológica, o que só poderíamos constatar com absoluta certeza depois de um estudo geológico da área”, explica o professor, que foi consultado acerca da locação dessa perfuração.

O pesquisador afirma que, há cerca de 5 anos, outro poço perfurado na mesma região, apesar de não jorrante, apresentou uma vazão muito acima do encontrado na Capital, com cerca de 50.000 litros/hora. “Essa pesquisa aponta uma mudança de paradigma. Até então, podíamos dizer que a geologia de Fortaleza apresentava um baixo potencial de águas subterrâneas, com uma produção insignificante. Agora, com esses dois exemplos, isso muda. Só a vazão de um poço seria capaz de abastecer uma cidade com 25 mil habitantes”, exemplifica.

Raridade

Outro aspecto importante relacionado a ambos os poços é que a água tem boa qualidade, estando a poucos metros da rede de distribuição operada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). O professor explica que Fortaleza enfrentava, até então, grande dificuldade em relação à qualidade da água porque o lençol freático é poluído por falta de saneamento em cerca de 50% da cidade. “As fossas sépticas ainda são mal construídas e infiltram o lençol freático. Além disso, metade da cidade não possui saneamento urbano. Como nesse tipo de poço encontrado em Messejana, a água vem de fraturas geológicas, elas não estão sujeitas à poluição”.

A preocupação de Aldenor é que um estudo geológico da região seja feito o quanto antes para que – com as comprovações científicas – a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) do Ceará possa definir como área de proteção ambiental e estratégica, proibindo a perfuração de poços privados, garantindo a preservação dessa reserva estratégica.

Parceria com governo

“Com o estudo geológico, podemos estabelecer quantos poços podem ser perfurados com essa mesma vazão na região. É um recurso muito precioso que precisa ser usado em momentos difíceis como o que estamos enfrentando agora. Mas, se for explorado à exaustão, pode, sim, acabar”, alerta o geólogo, que diz ter sido convidado para uma reunião, hoje à noite, com o governador Camilo Santana para discutir a descoberta e a possibilidade de ações. “Nós descobrimos um filão. Precisamos do apoio do Governo do Estado para que as áreas sejam liberadas. Em 30 dias, finalizamos a análise”.

A perfuração de poços é umas das estratégias do Estado para a segurança hídrica. O Plano de Convivência com a Seca prevê 200 intervenções a serem realizadas com a construção, abertura de novos poços e instalação dos já existentes. No Diário Oficial, publicado no dia 3, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da Lei Orçamentária de 2017, a perfuração aparece como uma das prioridades.

fonte:http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/descoberta-fortaleza-tem-area-propicia-a-abertura-de-poco-raro-1.1598410

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