A Bacia do Baixo Jaguaribe está com a menor reserva do Estado atualmente, com 0,25%da sua capacidade

Russas. Sem poderem contar com o Rio Jaguaribe para suprir o abastecimento humano nos centros das cidades do Baixo Jaguaribe, prefeitos e moradores de pelo menos quatro municípios reclamam da demora em resolver o problema. Eles contam que há demora na instalação de poços e que a população tem sofrido com a falta de água.

A prefeita Jaguaruana, Ana Teresa, foi enfática ao dizer que houve negligência da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) em suspender a perenização do Rio Jaguaribe sem antes estarem prontos os novos sistemas de abastecimento para as cidades de Jaguaruana, Itaiçaba, Palhano e Aracati.

De acordo as suas informações, tem ocorrido demora na instalação de novos poços que irão abastecer as cidades, principalmente devido aos novos locais não possuírem energia de baixa tensão para implantação dos motores.

“Desde novembro de 2015 não é liberada água para nossa região de Jaguaruana, Palhano, Itaiçaba e Aracati. A gente conseguiu uns poços com a SRH (Secretaria de Recursos Hídricos), mas o problema está sendo na instalação dos motores e da energia. Além da Coelce demorar, a maioria dos poços cavados está em regiões onde não tem energia de baixa tensão”, enfatizou.

Medidas paliativas

Para tentar suprir a necessidade dos moradores, ela conta que a Prefeitura alugou dois carros-pipa e que conta com mais um carro do PAC e um da Defesa Civil, mas que essas medidas estão sendo insuficientes.

Ana Teresa acrescentou também que ela, juntamente com os demais prefeitos destes municípios, pediu à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) que fosse liberada alguma quantidade de água para que houvesse tempo para a Cogerh, a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) cavassem os poços e fizessem o abastecimento. “Estamos propondo que seja liberada a água, e que o volume seja reduzido na medida em que os poços sejam instalados”, acrescentou.

Dificuldades

A gestora também disse que moradores que vivem da pequena agricultura nas margens do rio e os que trabalham com turismo estão passando dificuldades. Como exemplo, citou os donos de barracas no Balneário Ilha Serafim, que vivem do turismo no rio aos fins de semana e que, desde que o rio secou, estão com seus estabelecimentos fechados.

Sobre a carcinicultura que, segundo a prefeita, tem sido vista como vilã do alto consumo de água no município, ela conta que quem vive da atividade, está utilizando água de poços cavados pelos próprios proprietários.

“A gente está reunindo os prefeitos, com seis votos no Comitê de Bacias do Baixo Jaguaribe, e vamos exigir, na próxima reunião do dia 20, que tenhamos água para o consumo humano. Nós queremos o mesmo tratamento que a população da capital. Todo mundo tem direito a água e isso não está sendo respeitado”, declarou Ana Teresa.

Custos

Para os moradores, a situação tem sido cada vez mais crítica. As constantes faltas de água têm elevado os custos da população. Segundo o vendedor autônomo Augusto Marques, que mora no bairro Tabuleiro, em Jaguaruana, a água tem sido comprada. Quem possui condições adquire 1.000 litros a um valor de, em média, R$ 30, para encher a caixa-d’água.

Aos que não possuem condições, há políticos locais que distribuem água e os carros-pipa custeados pela Prefeitura. “Há dois meses que vinha tendo racionamento, e estávamos em condições de ter água na caixa agora, mesmo com a distribuição programada. Está com um mês que não sobe água aqui em casa. Em outras casas sobe”, relatou Marques.

Conflitos

Os conflitos pelo direito ao acesso à água vêm sendo mais calorosos no último mês. Além de gestores dos municípios do Baixo Jaguaribe estarem insatisfeitos com as decisões tomadas pela maioria dos votos no Comitê de Bacias, populares estão ignorando essas determinações e buscam garantir água para subsistência a qualquer custo.

Desde fevereiro, os moradores da zona rural de Russas e Quixeré estão garantindo, pelas próprias mãos, que a água vinda do Castanhão para perenizar o rio, chegue até as suas comunidades. Na última segunda-feira (11), eles ocuparam o escritório da Cogerh, em Limoeiro do Norte, exigindo que o mínimo de água fosse liberada para as famílias ribeirinhas para que estas pudessem continuar com sua pequena agricultura e subsistência e com o consumo humano. Por duas vezes os moradores rompem a barreira na passagem do rio na localidade de Sucurujuba, em Quixeré, para a água seguir seu curso.

Entretanto, segundo as informações da Cogerh, tal represamento da água é necessário para que haja volume para que as bombas possam levar água para abastecer o centro urbano da cidade de Russas e a localidade de Lagoinha, em Quixeré.

O Rio Jaguaribe na região do Vale Irrigado, no Baixo Jaguaribe, possui 160Km de extensão, entretanto, desde fevereiro desde ano, apenas 100Km estão sendo perenizados pelo Açude Castanhão, com 5,5 m³/s de água. Tal medida foi tomada, segundo a Cogerh, pelo Comitê de Bacias do Baixo e Médio Jaguaribe, em reunião que previa determinar as vazões de água do Castanhão durante todo o primeiro semestre.

Sobre o abastecimento de água nas cidades de Jaguaruana, Palhano, Itaiçaba e Aracati, a Cagece informou que os quatro municípios são abastecidos por poços. Dois deles, Jaguaruana e Aracati, encontram-se em regime de contingência.

No caso de Jaguaruana, a companhia prevê, até a semana que vem, a instalação de novos poços. Em Aracati, a Cagece tem realizado o abastecimento normal na sede do município.

fonte:http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/sem-agua-municipios-querem-agilidade-no-abastecimento-1.1584129

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