A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) analisa as causas da morte de milhares de peixes no açude Castanhão, no Médio Jaguaribe. O fenômeno já havia sido registrado em junho do ano passado. “Já sabemos que esses eventos ocorrem sempre no fim de maio e início de junho. Pelos levantamentos que fizemos, neste período que encerra o inverno, há mudanças nos reservatórios”, disse João Lúcio Farias, diretor-presidente da Cogerh.
Conforme O POVO mostrou ontem, pescadores apontam perda de quase 100% da criação de tilápias, uma das principais atividades
econômicas da região.
Farias aponta três fatores que contribuem para as mortes. Um é a baixa qualidade da água, que não se renova em função das poucas chuvas. Outro fator é a falta de oxigênio na água. Muitos nutrientes se concentram no fundo do açude, devido ao depósito de matéria orgânica. Mas, isso acaba reduzindo o nível de oxigênio na água. “Isso é ruim pra atividade da piscicultura. E quanto mais profundo, menor o nível de oxigênio na água”. O terceiro fator é inversão térmica que, conforme Farias, ocorre nesta época do ano. As águas superficiais, com nível maior de oxigênio, misturam-se às mais profundas, com menos oxigênio e mais nutrientes. “São eventos rápidos, causados pelo esfriamento da água da superfície no período da noite”.
O presidente da Cogerh nega relação das mortes com a manobra de válvulas para liberação de água para o Vale do Jaguaribe e o Eixão, apontada pelos pescadores como motivo para que as impurezas do fundo do açude subissem e reduzissem o nível de oxigênio na água. Farias aponta que, em menor escala, também houve morte de peixes no Orós, onde não houve qualquer operação de válvula.
Foi montada operação com a Prefeitura de Alto Santo e os pescadores para a retirada dos peixes mortos. (colaborou Thiago Paiva)